Cometas são como sorvete frito? A NASA explica



ter a noção de que os cometas são formados por nada mais do que uma mistura de pedras, poeira estelar e gelo já não é uma grande novidade para milhares de pessoas que curtem pesquisar o assunto, certo?

Contudo, os ilustres cientistas da NASA — sempre com novas informações do universo para nós, reles mortais — divulgaram uma informação um tanto inusitada para os adeptos estelares: cometas possuem uma casca rígida e crocante por fora, mas seu interior é macio e poroso, se parecendo com um sorvete frito.

As sondas Deep Impact (da NASA), Rosetta e Rosetta de Philae (ambas da Agência Espacial Européia, a poderosa ESA) já tinham inspecionado isso em missões anteriores. Inclusive, meses atrás o mundo todo ficou sabendo sobre opouso da Rosetta no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Mas... e as explicações?

Pois é, os caras disseram isso em público, mas, até então, não entendiam o motivo real para os cometas serem sempre encerrados em forma de um disco, com crosta externa. Porém, depois de algumas tentativas em vão, alguns especialistas no assunto descobriram o porquê disso e revelaram as informações em um renomado periódico — The Journal of Physical Chemistry — para os interessados de plantão.

Detalhes do experimento

Usando um instrumento bem semelhante a uma geladeira — apelidado de Himalaya —, os pesquisadores Murthy Gudipati e Antti Lignell provaram que todo o gelo macio na superfície de um cometa se cristaliza e endurece quando está em direção ao sol.

Além disso, ele aquece — como um cristal de gelo de água —, tornando-se mais denso e ordenado, expulsando outras moléculas que contêm carbono diretamente para a superfície do cometa. Resultado: uma crosta crocante e um cometa polvilhado com pó orgânico.
Para você ter ideia, nos testes realizados as moléculas de vapor de água eram congeladas rapidamente a temperaturas extremamente baixas: cerca de 30 Kelvin (menos 243 graus Celsius, ou menos 405 graus Fahrenheit) — praticamente o que aconteceu com o Han Solo no filme “Star Wars: O Império Contra-Ataca”.

A consequência que foi obtida do experimento gerou o inusitado gelo amorfo. Vale ressaltar que, na superfície terrestre, todo o gelo se encontra na forma cristalina — o Planeta Azul não é frio o suficiente para a formação gelo amorfo. Até mesmo um punhado de neve solta está na forma cristalina, mas contém cristais de gelo muito menores do que aqueles em flocos de neve.

Depois disso, os caras aqueceram lentamente suas misturas gelo amorfo de 30 a 150 Kelvin Kelvin (menos 123 graus Celsius, ou menos 190 graus Fahrenheit), simulando condições reais que um cometa iria experimentar ao viajar em direção ao sol e administrando hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, ou PAHs, à experiência.
O resultado foi inesperado: “Os PAHs grudados foram expulsos do acolhimento de gelo, uma vez que ele cristalizou. Esta pode ser a primeira observação de moléculas de cauterização em conjunto devido a uma transição de fase de gelo, e isso certamente tem muitas consequências importantes para a química e física de gelo”, disse Lignell.

Ou seja, com os PAHs expulsos das misturas de gelo, as moléculas de água tinham espaço para conectar-se e formar estruturas “embaladas” de gelo cristalino. Portanto, o interior dos cometas ainda deve estar muito frio e poroso, como o gelo amorfo.
Por que investigar cometas?
Caso você nunca tenha parado para pensar no assunto, saiba que entender a composição dos cometas é algo de extrema importância para o entendimento de como eles poderiam levar água e produtos orgânicos para todos os cantos do universo, inclusive para a Terra — entre outros planetas ainda não habitáveis.
Para Gudipati, os cometas são cápsulas que contêm vestígios não só da história de nosso planeta, mas também pode explicar o nascimento de todo o nosso sistema solar: "É bonito pensar sobre o quão longe chegamos em nossa compreensão de cometas. Futuras missões destinadas a trazer amostras frias de cometas de volta à Terra poderia nos permitem desvendar plenamente os seus segredos".

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