Utilizar aparelhos eletrônicos se tornou tão comum no dia a dia das pessoas que,
muitas vezes, nem se para para pensar nas voltagens de cada um deles. E se você
já estragou algum aparelho eletrônico porque, sem perceber, ligou na tomada com
voltagem errada, talvez deve ter se perguntado por que existem duas opções de
voltagem para as instalações elétricas, 110V e 220V, ao invés de simplesmente
desenvolverem um padrão único.
Apesar de parecer complicado,
entender como funciona estas diferenças pode fazer toda a diferença na hora de
escolher os equipamentos que você vai comprar para sua casa. Em entrevista para o BBel, Um Estilo de Vida, o
engenheiro eletricista Hilton Moreno, consultor técnico do Procobre (Instituto
Brasileiro do Cobre), explica que as diferentes voltagens tiveram origem no
começo da implantação da eletricidade no Brasil, no início do século 20.
"No
início da eletrificação não existiam empresas nacionais e nós sofremos a
influência de empresas dos EUA e da Europa. As norte-americanas usavam a
voltagem 110 e as europeias, 220" , lembra o engenheiro.
Ele
menciona também que, como as primeiras cidades a receberem instalações elétricas
foram as da região sudeste, a existência de duas opções está praticamente
restrita a algumas regiões destes estados. "Na época que se definiu o padrão,
estudos mostraram que o custo para se converter as instalações diferentes para
uma só era absurdamente inviável", relata Hilton Moreno.
Nelson
Volyk, gerente de engenharia e qualidade da SIL Fios e Cabos Elétricos, afirma
também para o BBel que dependendo da região do Brasil, as residências recebem a
eletricidade com tensão de 110V, 115V, 127V e 220V, ou unindo 220V com uma das
outras três tensões citadas, sendo chamados de sistema monofásico ou monofásico
a dois ou três condutores. "A potência elétrica nos diversos países do mundo é
variável, na Europa, por exemplo, a tensão utilizada é de 220V ou 240V", cita
Nelson.
Qual voltagem usar?
As instalações com
voltagem 110 e 220 têm o mesmo desempenho, consumo de energia e grau de
periculosidade. Ou seja, escolher entre uma ou outra não vai acarretar economia
na conta de luz, melhor funcionamento dos aparelhos nem mais segurança para a
casa. "O consumo de energia é dado pela potência elétrica (Watts) dos aparelhos
que estão ligados na instalação e não pela tensão (Volts). Um aquecedor de
1.500W registrará o mesmo nível de consumo numa instalação de 110V ou de 220V",
observa Nelson Volyk. Da mesma forma, levar um choque em qualquer uma das
voltagens é igualmente perigoso e capaz de causar morte.
O
engenheiro eletricista Hilton Moreno esclarece que a única diferença entre as
voltagens está relacionada ao dimensionamento dos componentes da instalação
elétrica, já que usar tensão nominal 220V permite que os fios que vão
transportar a energia pela residência sejam de calibre menor, isto é, mais finos do que os
usados para 110V. "De certa forma, mas não muito significativa, fazer a
instalação em 220V sairia um pouco mais barato, porque os fios seriam mais
baratos e a mão de obra também, pois dá menos trabalho puxar um fio mais fino",
afirma Hilton.
Ele
também explica que no Brasil se convencionou usar 110V para a alimentação de
lâmpadas e tomadas, e 220V para equipamentos de alta potência, como ar
condicionados, chuveiros e torneiras elétricas.
Nelson Volyk
ressalta que a escolha da tensão nominal não é puramente do usuário. "Temos
regiões onde a distribuição elétrica é 110V, 115V ou 127V, em outros é 220V e,
em outros ainda bifásica, ou seja, 110V, 115V ou 127V e 220V. Portanto, a
escolha não é uma opção do usuário. Por isso, a orientação é procurar um
profissional que tenha conhecimento da tensão elétrica da região e local onde
executará o serviço, pois ele saberá qual é o caso do imóvel do consumidor", argumenta.
Aparelhos
bivolts e transformadores
Os especialistas defendem que não há
problema em ter a instalação de iluminação e tomadas de uso geral em 110V e
alguns produtos em 220V, mas é essencial conhecer a voltagem de cada parte da
casa. Um equipamento 110V vai sofrer um curto-circuito se ligado em 220V e
queimar. Além disso, de acordo com o engenheiro eletricista Hilton Moreno, o
acidente pode fazer circular uma corrente de curto-circuito pela instalação
elétrica capaz de causar danos em outros aparelhos e até de ocasionar incêndios.
No caso contrário, quando algum eletroeletrônico 220V é ligado em 110V,
ele pode não funcionar, mas não sofrer danos ou funcionar com uma performance
muito abaixo da esperada.
Muitos dos eletrônicos e eletrodomésticos
disponíveis hoje no mercado são bivolts, o que significa que são projetados para
funcionar tanto em uma quanto em outra voltagem. Estes aparelhos podem ser
bivolts automáticos, quando a próprio equipamento reconhece a voltagem da tomada
onde está ligado e se adapta, ou manual, quando uma chave geralmente na parte
traseira do equipamento pode ser colocada na posição 110V ou 220V.
Se
você por acabo tenha aparelhos sem essa flexibilidade, existem equipamentos
chamados transformadores usados para adaptar os eletrônicos a voltagens
diferentes. Os transformadores têm entrada de energia para 110V e saída para
220V, ou vice-versa, para serem conectados à tomada e ao aparelho cuja voltagem
não é compatível com a instalação elétrica da casa.
Hilton Moreno
explica que é possível comprar um transformador para cada aparelho ou um
equipamento maior que poderá mudar a voltagem de um grupo de tomadas. Ele
salienta que nestes casos é muito importante consultar um profissional da área,
que vai poder indicar a melhor saída para a residência. O engenheiro ainda
comenta que, dependendo do caso, não é raro sair mais barato comprar novos
eletroeletrônicos em vez de investir em transformadores. (Fonte: BBel, Um
Estilo de Vida)
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